contribuição de cada um

O sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho, conhecido ativista dos direitos humanos brasileiros, acreditava piamente que a participação e a contribuição de cada um, somadas, seriam capazes de mudar o planeta. “Se cada um fizer a sua parte, o mundo vai ficar melhor”, era seu lema.

Pensando bem, esse lema se aplica em diversas situações, e como cidadãos precisamos estar conscientes do impacto de nossas atitudes no desenvolvimento da sociedade. Digo isso porque, como contador que sou, principalmente a cada início de ano tenho minha atenção focada no processo de declaração de Imposto de Renda, quando milhões de brasileiros vêem chegar a hora de acertar as contas com a Receita. E é nesse período, também, que passamos a escutar mais e mais reclamações a respeito da “altíssima tributação” imposta pelo governo brasileiro aos contribuintes, e como profissionais da área, não raro recebemos questionamentos sobre formas de reduzir os valores a pagar.

Abro aqui um parênteses para apresentar um dado, que para mim será meramente ilustrativo, servindo para conduzir a reflexão que aqui proponho. O número a que me refiro vem de uma pesquisa realizada em 2015 pela Procuradoria da Fazenda Nacional, segundo a qual deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País. Pergunto: o que poderia ser feito em favor da sociedade com esse montante? Me arrisco a dizer que boa parte das pessoas diria que não tem responsabilidade sobre isso. Será?

Vejamos: os impostos mais sonegados são o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o imposto de renda e as contribuições sociais pagas com base nas declarações das empresas. Os impostos indiretos (embutidos nos produtos e serviços) e o Imposto de Renda retido na fonte (incidente sobre as pessoas física), são impossíveis de sonegar. Então, de forma simplista, posso pagar meu imposto de renda devido, mas cada vez que compro uma simples mercadoria sem nota fiscal, me incluo na cadeia responsável pela sonegação de uma parcela deste valor que o Brasil deixa de arrecadar, incluindo valores relacionados a ICMS e contribuições sociais. Mas dificilmente computamos essa responsabilidade.

Na realidade nos habituamos a condenar desmandos de autoridades e desvios de grandes somas de dinheiro, mas normalmente perdoamos – e até desconsideramos –  aquilo que passa a ser definido como um “pequeno deslize”. Seria mesmo um “pequeno deslize” buscar – e praticar – em nosso dia-a-dia ações que nos permitam levar vantagens? Pense bem: o ganho individual prevalece em detrimento do coletivo. E fica a pergunta: agindo assim,  o que nos diferencia dos políticos praticantes de corrupção, que tanto criticamos, especialmente nos últimos anos? Pena ter que considerar a possibilidade de no máximo a diferença estar na falta de oportunidades para ganhar um pouquinho mais, pouquinho a pouquinho.

Não estou aqui me excluindo dessa responsabilidade – afinal, até um inocente peixinho comprado sem nota fiscal para ser degustado em família, no final de semana, pode ser considerado sonegação – mas a minha reflexão é no sentido de reconhecer que nós não podemos deixar de fazer algo apenas porque achamos que será uma gotinha insignificante no oceano. Cada um precisa fazer aquilo que está ao seu alcance, e para tanto é necessário um exercício diário de reeducação, reafirmação de valores pessoais e éticos, atitude e iniciativa –  e eu diria até ousadia e coragem, porque em nossa sociedade, quem age de forma diferenciada é muitas vezes alvo de críticas.

Mas não torça o nariz para a importância de cada pequena atitude: se cada um de nós fizer a diferença em nosso lugar de ação, estaremos, sim, fazendo diferença para o coletivo. Mesmo que os resultados demorem a aparecer. Esse, aliás, é o  grande desafio para a disseminação dessa prática, uma vez que nos habituamos a desejar e cobrar resultados imediatos, sem paciência para mudanças graduais.

Vale lembrar que este ano teremos eleições no Brasil, e esta é uma excelente oportunidade para buscarmos resultados positivos para o futuro de nossa sociedade, a partir da escolha de bons candidatos. O voto é uma conquista da sociedade, e deve ser usado com critério e responsabilidade. Caso contrário, depois de eleitos os nossos representantes é tarde para o arrependimento.

E aí, você está disposto a repensar atitudes e, se necessário, mudar posicionamentos para o bem comum? O importante é que cada um faça a sua parte,  não dando ao mundo nada a menos que o seu melhor. Cada atitude faz a diferença.

 

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